É invariavelmente um dos nomes “grandes” do futebol em Portugal. O Sporting Clube Farense marcou uma geração no futebol luso, e as suas virtudes são actualmente recordadas com enorme nostalgia, tal era a paixão com que os adeptos e a região viviam as suas glórias. Trata-se do clube mais antigo e com maior historial do Algarve, que durante anos travou lutas intensas com Portimonense e Olhanense pela hegemonia da região. Fundando em 1910, foi desde sempre uma entidade acarinhada pelo seu povo, e desde bem cedo uma forte franja de adeptos acompanhava a equipa pelo país fora, nas suas competições.
Épocas de Glória
Foi na temporada de 1970/71 que o Farense pela primeira vez competiu na primeira divisão, chegando mesmo a vencer Porto e Benfica, e terminando em 10º lugar uma brilhante caminhada. Apesar das regulares quedas para o segundo escalão e posteriores subidas à divisão maior, o que é facto é que desde esta altura, o Farense ganhou um estatuto diferente, muito por culpa dos bons elementos de back office do clube. Em finais de 80, o Farense começou a construir as suas páginas mais douradas. Sob o pulso do catalão Paco Fortes, que havia anteriormente representado o clube como jogador, o emblema de Faro ganhou nome nos palcos lusos pela determinação dos seus atletas, aliada a uma estratégia muito bem conseguída ao nível da estruturação do plantel. Na época de 89/90, Fortes levou o clube algarvio à final da Taça de Portugal, assim como à vitória na Divisão de Honra. Iniciavam-se anos de glória no sul de Portugal, e a estadia nos principais palcos lusos deu-se por diversos anos. Em 90/91, o Farense já contava com uma equipa extremamente bem afinada, e até 95, altura do 5º lugar alcançado na 1ª Divisão, o Farense conseguiu de forma brilhante manter a espinha dorsal da equipa, com elementos como o fantástico guardião Rufai, os defensores Paixão e Miguel Serôdio, o “cérebro” Hajry ou os atacantes Hassan Nader e Djukic. Este foi, claramente, um dos grandes segredos do sucesso do SC Farense.
A estreia na Europa acabou por ser inglória, mas o Farense era por esta altura uma das equipas que melhor futebol praticava em Portugal, e outros bons jogadores como Carlos Costa, King, Punisic, Paiva ou Besirovic espalharam também qualidade durante as temporadas que se seguiram. É curioso recordar a postura bem própria de Fortes, quer na forma imparável como gesticulava no banco de suplentes, quer pela experiência que denotava nos treinos e perante a imprensa. Em 91, e pelo acaso da final da Taça de Portugal alcançada, o espanhol prometeu e cumpriu a promessa de percorrer a pé a distância entre Faro e Ayamonte - 75km - e não apenas o fez de uma assentada, como ainda foi recebido em apoteose nas ruas de Vila Real de St.º António. Hilariante foi igualmente a promessa de cortar cabelo e bigode, caso o Farense se conseguisse manter na 1ª Divisão, objectivo igualmente alcançado na temporada de 97/98.
O Declínio Crescente
Por alturas de início do novo século, Paco Fortes abandonou o clube. Por esta altura, os problemas internos eram já uma realidade pública, e a saída do catalão apenas precipitou ainda mais rapidamente o declínio exibicional do Farense. Os graves problemas financeiros levaram a que a equipa caísse até à 3ª Divisão, proibida de inscrever atletas e disputando os jogos com a equipa de juniores.
Quando se temia o “fim” deste emblemático clube luso, após a total suspensão do futebol sénior, heis que finalmente surge um projecto - liderado por António Barão - sério, realista, e com a mais do que obrigatória meta de levar novamente o Farense aos maiores palcos. Tem-se assistido a um enorme esforço de Barão, da autarquia e de um conjunto de financiadores privados, como forma de manter o Farense num crescimento sustentado, mesmo que dando pequenos passos de cada vez. Sabe-se da importância que o Farense teve no panorama nacional, quer pela verticalização das competições a nível geográfico, quer pelo facto de numa zona extremamente turística existir uma instituição com algum peso na prova rainha do desporto nacional.
O Farense, Actualmente
Começando pelo patamar mais baixo do futebol, a 2ª Divisão Distrital, o clube de Faro rapidamente alcançou a subida. Actualmente, disputa arduamente o acesso à 3ª Divisão Nacional. Contudo, e o facto de ter caído até aos distritais não apagou o apoio à equipa. Onde quer que o Farense se desloque para jogar, as bancadas enchem-se, fazendo por vezes inveja a alguns clubes da liga principal! E o seu passado rico cria por vezes situações curiosas, como o facto de os adeptos adversários por vezes apoiarem quer a sua equipa, quer o Farense. Não é possível apagar-se a história, muito menos tratando-se de um clube de enormes memórias, de enormes feitos. O Farense está a ser “ressuscitado”, e todos esperamos, num futuro não tão longínquo, ver novamente os algarvios exultar de alegria.
1 comentário:
Força Farense.
Que voltes em força que fazes falta ao futebol portugues :)
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